28.9.09

A amnésia do amor

A amnésia do amor.


Amor pois, que une saudade e paixão. Seja, na hermenêutica da psicologia humana, a efetivação dos sonhos meus.
Amor, tu, cujas razões a razão própria desconhece, acrescente ao ente a cognossibilidade do vosso método. Dizei, em silogismos corretos e de acordo com os critérios da verdade, a possibilidade do vosso conhecimento.
Em nome de uma ética solidária, tornai, amor, pragmaticamente possível a vossa realização. Que a iluminação possa, pela reminiscência, me devolver à luz das idéias verdadeiras, e que, mesmo entre dores, me seja possível nesta maiêutica do saber, resgatar, no face-a-face, a desnecessária reciprocidade do entregar-se à relação.
Transformai em espírito absoluto esta vida dialética. Que o emocional seja o racional e o racional o emocional. Que o vôo da coruja ao entardecer não aumente o crepúsculo da minha alma. Mas que o canto do galo na madrugada, me desperte para o amor e a razão, na solução deste paradoxo.
Amor, não permitais que a existência me angustie, nem se torne o ópio do senso comum.
Amor, pois, que pelo prazer da retórica permite este raciocínio sem fundamento, seja a base da racionalidade, e não permitais que se afogue a humanidade no lago do esquecimento.

5.9.09

EXISTÊNCIA FUGAZ

Existência fugaz

O menino na calçada...
Está triste,
Seu cachorrinho está triste.
A calçada também está triste.
Até aquela frondosa árvore
Que dava deliciosas bergamotas
Amarelas, esta seca e triste.
O prédio azul está triste.
As meninas que gostavam de
Se afeitar e desfilar para seus namoradinhos
No shopping...
Estão sentadas frente à TV,
Apáticas e tristes.
Na medida em que caminho
Vou encontrando a tristeza.
O portão continua robusto,
Mas triste.
A porta está tão triste que
É preciso três voltas na tranca
Para perceber que eu quero entrar.
Esta sala então, com roupas
Espalhadas. Livros fechados,
Cigarro apagado, está muito triste.
Sento na triste cadeira...
... Passou uma triste abelha...
Fecho os olhos...
Acendo um cigarro...
Não estou triste, apenas envolto na existência fugaz.