11.8.11

Carta aos Estudantes Contemporâneos

Carta aos Estudantes Contemporâneos

Caros estudantes.

Há milênios a educação é a ação que investiga, questiona, interpreta, compreende e regula todas as ações humanas. O que proporciona tantas diferenças na vida é apenas a forma como cada um de nós conhece o Homem o Mundo e Deus e, a partir deste conhecimento, decide por que, como, quando e onde agir. Ou seja, em sua essência, a educação é um ato de liberdade e a liberdade é uma ação possível apenas ao ser humano.
“Todo homem deseja, por natureza, conhecer.” Daí que, no início da civilização ocidental, aquilo que não ainda não era explicado pela razão se justificava pela ação divina. Até hoje, mais de seis mil anos depois, o divino explica e justifica de diferentes formas, questões ainda não respondidas e que, provavelmente jamais responderemos.
A primeira e frequente lição é que as respostas que temos são sempre provisórias. Quando mudamos as perguntas mudam todas as respostas.
Aos poucos a investigação e o desejo de conhecimento, trouxe outras perguntas e criamos novos problemas e com eles novos dilemas, novas angústias e algumas felicidades. Por que desejamos conhecer senão unicamente para sermos mais felizes? Por que não somos plenamente felizes? É porque ainda não fizemos todas as perguntas ou principalmente porque não nos costumamos a perguntar o que é exatamente a felicidade.
De qualquer forma, bem ou mal, estamos vivos e só nos resta a desafiadora liberdade de decidir como viver.
É verdade que a física, a química, a biologia, a matemática nos possibilitaram responder a questões sobre as leis que regem a natureza. O que fazer com essas leis? Aplicá-las! E conseguimos desenvolver a partir delas as modernas engenharias, medicinas e conhecimentos que nos permitem maior conforto, segurança e prazer. Contudo também é verdadeiro que tais conhecimentos nos trouxeram novos problemas como violência, remédios que curam, mas tem efeitos colaterais maléficos, prazeres que satisfazem mas geram novos desejos, conforto que repousa e faz descansar o corpo, mas no qual repousa uma alma atormentada.
Para resolver estas questões buscamos novos conhecimentos em outras áreas e aperfeiçoamos a psicologia para confortar também a alma; a sociologia para refletir alternativas que possam diminuir a violência, a pobreza e os conflitos sociais; a geografia para nos dar coordenadas e explorar novos espaços no universo; a linguagem para aproximar e entender os povos; o direito para regular as ações; a religião para preencher a ausência de respostas científicas; a educação do físico para abrigar dignamente o espírito; a filosofia para mudar as perguntas e estimular novas respostas.
São inúmeras e tendem ao infinito as formas de educação e, conseqüentemente as possibilidades de ação humana sejam elas boas ou más. E decida o que decidir sempre haverá alguém que decidiria agir diferente.
A grande questão contemporânea a ser estudada é a liberdade em todas as formas de educação. Porque se a educação é a ação que investiga, questiona, interpreta, compreende e regula todas as ações humanas e através da educação evoluímos tanto em todos os campos de conhecimento a pergunta que surge é:
“Por que apesar de todas as alternativas e inovações científicas, tecnológicas, culturais, sociais, econômicas e políticas ainda estamos tão insatisfeitos? Por que ainda existem pessoas más, desastres ecológicos, guerras declaradas ou não, miséria humana tanto econômica quanto espiritual? Por que existe tanto conhecimento e pessoas sem conhecimento algum?
Em fim, meus caros estudantes, por que estudamos na contemporaneidade? Estudamos porque a grande questão por trás das nossas ações é a questão da liberdade e a resposta contemporânea para a questão da liberdade é a educação responsável e a educação para responsabilidade. Tanto a responsabilidade individual quanto a responsabilidade coletiva.
Afinal, pouco importa a forma de educação que você escolhe para satisfazer teu desejo de conhecer o Homem o Mundo e Deus porque sobre estas questões realmente já evoluímos muito e tivemos grandes e boas conquistas. O que é essencial para o mundo contemporâneo é estudar mais sobre o uso da liberdade aprender a decidir responsavelmente o porquê, como, quando e onde agir.
Sendo assim, meu caro estudante, perdoe teus mestres, porque eis que eles são estudantes também; perdoe os ignorantes que não estudam, porque a ausência de conhecimento científico e diplomas na parede não significam que aquela pessoa não tenha educação alguma; perdoe os que decidem pensar diferente, pois eis que este é um direito de todos; e principalmente perdoe a si mesmo, porque o primeiro e último amor é o amor próprio e eis que é algo que falta em grande parte para maioria de nós. Contudo, não perdoe a irresponsabilidade porque a liberdade é natural à vida humana, mas a ação responsável é um dever.
Sendo assim, caros estudantes, sejam felizes. Pensar a vida é a principal tarefa. Viver a vida é mais difícil e a mais importante lição.

Abraços do seu amigo estudante.

Sidinei Cruz Sobrinho.
Santa Rosa 11 de agosto de 2011.