23.5.12

Na contramão do tempo


Sinto saudades de um tempo que não vivi.
Saudades de uma história que não construí.
Saudades de Ser o que não fui.


Tudo isso está aqui dentro de mim.
Corre solto à flor da epiderme.
Assim, torno-me esse ser nostálgico
De um mundo que não me pertence mais;

Sou uma espécie de Tupiniquim,
Dom Quixote sem moinhos,
Mas com muitos,
Constantes e fortes vendavais.

22.5.12

VERMES DE NEGOCIATAS


Covardes! Verdadeiros covardes.
Eis o que sois: vermes de negociatas.
Fácil é julgar a traição passional;
Posto que todo amor é tolo e fatal
Ou criança inocente que não sente
Vossos juízos de vã moral.
Difícil, deveras, é seres ético na amizade;
Conservar-te digno entre moedas de ouro
E milhões em quilates.
O que vale mais:
Suas ações na bolsa de valores?
Teu nome no The new york times?
Ou o cão vira-latas ao meu lado agora?
É certo que, ao contrário de vós, não tenho algum dos primeiros.
Este último ao menos, lembra a condição humana;
E o dia em que jurastes honrar nossa amizade.

Do que precisas agora?
Que continuemos as "peladas" no sábado à tarde?
Que sentemos juntos para rir de algumas piadas?
Sorrir e abraçar os "velhos amigos"?
Pedir ajuda, pois somos ainda fracos e corremos perigos?

Não! Covardes imbecis.
Já me falta, a mim e aos meus, lugar próximo a vós.
Tendes muitos cálculos a fazer...
Espero que contabilizes os amigos que já não mais são vossos,
Também a história a qual destes fim.

Talvez sejam todos Napoleões
Que os Bufões aqui não tenham reparado.
Continuo com meu cão
Que com vossos nomes será "re-batizado".
Vão para vossos negócios, vermes traidores,
Qual Judas desgraçado.
Chamarei os que sobraram.
Tocarei fora o cão para que vossos nomes não sejam evocados.
Tomaremos um vinho,
Fumaremos um cachimbo.
Retomaremos à amizade que para nós ainda é espaço sagrado.

18.5.12

Avante!



Dentre todas as escolhas possíveis, por que escolhemos ou aceitamos estar aqui? O que esperamos uns dos outros? Quais são os projetos de vida, os sonhos, as dúvidas de cada um aqui presente? Estamos diante do outro, aquele que ainda não conhecemos. O outro é sempre um desafio.
O filósofo francês, Jean Paul Sartre dizia que “o inferno são os outros.” Por quê? Por que o outro, o estranho, o diferente, é sempre aquele que pode dizer não ao meu sim.
O outro pode incomodar minha segurança pessoal; questionar minhas verdades, desafiar a superar a mim mesmo. Mas para isso é preciso ter coragem e autonomia suficiente para ter a ousadia de viver e desenvolver a capacidade de conviver com o outro sem negar as diferenças, mas sim, usar da adversidade para ampliar nosso próprio horizonte.
Frente à novidade que se apresenta no Instituto Federal Farroupilha – Campus de Santa Rosa, criamos expectativas, ficamos ansiosos, temos dúvidas ou mesmo sentimos alguma forma de medo. Nossa primeira lição é de que sentimentos como a incerteza e o medo não são algo a ser evitado, mas superado.
Aqui aprenderemos a técnica, mas não apenas o saber fazer. Aprenderemos a técnica sustentada pela ciência e pela ética. E para isso será necessário um constante diálogo entre todas as ciências.
Que o conhecimento da história nos possibilite uma leitura crítica sobre aquilo que fomos, somos e poderemos ser.
Situaremo-nos geograficamente no tempo e no espaço para a compreensão e a integração social.
Somaremos esforços. Subtrairemos tristezas. Dividiremos experiências. Multiplicaremos sonhos e projetos.
Seremos artistas da realidade, desenhando e colorindo com as próprias mãos, a paisagem da existência.
Usaremos a física para termos acesso à mecânica do universo.
Educaremos o físico para tornar saudável a razão evitando a mera mecanização do progresso.
Que os elementos químicos da biologia humana, reajam numa explosão de adrenalina na construção e na realização da vida.
Utilizaremos a tecnologia da informação para dizermos: “Olá mundo!” e compartilharmos as mais ricas experiências.
Aprenderemos as letras para dar significado ao conhecimento e construirmos o sentido da vida.
Caminharemos guiados pelas mãos da melhor pedagogia possível.
No ensino médio, subsequente ou proeja, teremos os mesmos princípios mesmo que buscando futuros diferentes.
Aprenderemos as técnicas para edificarmos obras. Porém, de modo muito mais sólido aprenderemos a moldar nosso caráter.
Desenvolveremos a difícil arte de vender. Contudo jamais nos esqueceremos de oferecer junto a todos os bens e serviços, o respeito pela condição humana, que se realiza, mas não se esgota no capital.
Que aqueles que dominarão a técnica moveleira, abusem de toda a criatividade e inquietude da alma e que nos mobilizem diante dos resultados das suas competências e habilidades.
Usaremos os laboratórios para verificarmos as técnicas da agroindústria. Porém jamais esqueceremos que a manipulação técnica, sem consciência ética é uma das principais ferramentas para as maiores atrocidades humanas.
Teremos por irmãos o solo, o ar, as águas da natureza, mãe gentil. Aprenderemos a dominar a tecnologia e a ciência para um meio ambiente equilibrado, respeitando a fauna e a flora, para que os que viverão no amanhã, orgulhem-se da forma que decidimos viver o agora.
O espaço está aberto para as diferenças. As ferramentas materiais e intelectuais estão disponíveis. Aquele que tiver ousadia suficiente para aceitar o desafio, encontra aqui a oportunidade.
Sejamos ousados nos desafios do conhecimento científico. Tenhamos prudência ao decidir e agir, para preservarmos a dignidade humana e garantirmos um desenvolvimento crítico, reflexivo e comprometido.
Diante da realidade que começamos o que esperam de nós, vocês alunos, pais e comunidade? Profissionalismo? Inovação? Companheirismo? Serviço? Educação?
O que esperamos nós, servidores?
Esperamos tudo. Todas as possibilidades da juventude que desabrocha para o futuro. Esperamos tudo, porque “tudo é possível a baixo do sol e da lua.” Esperamos tudo, porque “vemos em vós o borbulhar de gênios. Vemos além um futuro radiante. Avante brade o talento em vossas almas. E o eco responda ao longe: ‘Avante!”.
__________
¹Sidinei Cruz Sobrinho: Filósofo, Bel em Direito e Poeta. (texto elaborado para a abertura do ano letivo 2010. no Instituto Federal Farroupilha – Campus Santa Rosa).

17.5.12

O diabo da guerra.


Chegará o momento certo
Em que o demônio ressurgirá das trevas.
O homem então verá, no próprio reflexo,
O processo da morte que não chega.
A eternidade pesará sobre seu sono,
E a angústia tomará sua existência...
A epopeia em busca da verdade,
Chegará ao término,
Quando perceber sua essência
No espelho refletida.


Pender-se-ão torrentes de lágrimas em sua face
No sangue da ferida a razão,
Coagulando de súbito a utópica ilusão,
Revelando no ente a tristeza presente.
Na morte da morte;
Abrir-se-ão os olhos deste verme impugne,
À sua insignificante realidade.
Virtuais são o céu e o diabo;
Tudo está preso em seu próprio rabo
E dali surgem suas ideias fatais.
A reminiscência só será possível
Quando esta besta abandonar suas pilhérias
E chegar à maturidade.
“Livre-se logo!”; urram todos,
“Desta guerra nojenta e do próprio demônio que és”.
Antes que este dia, tão logo chegue,
Pois não muito longe já se encontra;
Abandone a guerra, se possível ainda for.
Livra-te desta tua filha maldita.
Entrega-te logo à paz e ao amor.

4.5.12

PRAZERES INSANOS



A boca suave e quente da imortal amada, abre-se num desejo ardente de ser em beijos penetrada.
Os seios provocam, tímidos num decote profundo.
Seu “umbiguinho” desfila nu, safado e vagabundo.

Ombros curtos e desenhados suspendem o corpo esbelto e o sensual rebolado.
Logo acima do bumbum delicadamente arredondado, duas covinhas desfilam provocantes, indicam o desejo dos amantes num olhar safado.

Ela deita-se despida e selvagem, tocando o corpo com as mãos pequenas e olhar de volúpia.
As pernas se abrem e os grandes lábios tocam os lábios do seu homem. A língua do amante é falo viril.
Gemidos de prazer os levam ao êxtase eterno.
Por longo tempo os dois corpos se confundem e o suor banha o leito de amor e sexo.

A flor rosada que brota inofensiva dentre as pernas é flor carnívora que devora o caule em carne do amante.

A boca suave e quente da imortal amada, fecha-se num suspiro de satisfação profunda.
Fica o amado a velar seu repouso até que o açoite do desejo retorne.
Tortura de corpos nus com despidos delírios de prazer e gozo
Desejo insano que só pertence aos mantes que lucidamente se amam.

Furto

Esgotaram-se os versos, as flores dos campos e as estrelas do céu...
Furtei tudo para enfeitar os caminhos que levam até você.

3.5.12

Você, a chuva e eu.


Hoje observava a chuva. Muitas pessoas não gostam da chuva. Talvez porque elas não têm tempo para sentar frente à janela e ver aquelas gotas preciosas, feito cristais, regando solo fértil. Pode ser ainda que essas pessoas não percebam como a chuva lava a poeira das folhas das árvores, devolvendo um verde mar de vida inefável. Além de tudo isso, penso que o principal motivo é porque elas não têm alguém especial em quem pensar alguém assim, puro e transparente como chuva, viva como você.
Sentei com uma xícara de café, preto e forte nas mãos, a água correndo pela calçada, pelos vidros, pelas plantas, o vira-lata molhado e tremendo de frio, o cheiro da poeira apagada e um frio gostoso que me fez desejar teu abraço para aquecer. Desejei então que a chuva que se estendia desde a noite passada, lavasse minha alma. Queria estar imaculado e límpido para te amar. Descobri que a chuva não poderia fazer isso por mim, mas que seu amor era capaz de me tornar o mais belo homem capaz de te amar.
O pensamento se liquefez e meus sonhos se solidificaram quando ouvi tua voz, senti tuas mãos nas minhas e contemplei o brilho dos teus olhos. Algumas pessoas não gostam da chuva porque não são capazes de ver a essência que ela traz e banha a terra. Poucas pessoas merecem te amar, porque são poucas capazes de compreender tua essência, teu perfume, tua alma de mulher angelical.
Olhei a minha volta e percebi que alguns vizinhos também olhavam a chuva. Decidi que precisava ir além deles. Novamente lembrei de você e de que muitas pessoas olham admiradas quando você passa. Não tive dúvidas, abri a porta e sai a correr na chuva. Agora sim eu tinha vencido os seres comuns, eu tive coragem de fazer o que muitos queriam, mas não fizeram: sai na chuva, como se estivesse nu, para receber plenamente toda a pureza que os deuses enviavam dos céus. Assim, nu, livre e inocente eu tive a coragem de te buscar, de encontrar teu amor e mergulhar nele de corpo, alma e espírito.