28.7.13

Gramática, Lágrimas e um Cigarro.


Aquele sentimento estranho, que às vezes faz a alma chorar, chegou novamente na sexta-feira à noite. Dias são apenas dias, mas o que acontece neles não são apenas acontecimentos. Quando chegou, abriu uma garrafa de vinho. Boa safra que reservara com carinho, justamente para os dias que acontecem coisas que fazem a alma chorar.
Não era tristeza. Tão pouco era angústia. Estava feliz. Mas alma também chora de alegria. Embora alegria e felicidade não sejam sinônimos. E existe gramática para dizer o sentimento? A gramática é fria. Quente mesmo é a poesia, Por esse motivo que a gramática foi gentil e liberou o que chama de “liberdade poética”.
“PRONOMINAIS
Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom branco
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro.” (Oswald de Andrade)
Ninguém lhe deu um cigarro. Fumou o tempo e secou as lágrimas, sem se importar com a gramática. Analogia é permitido.
Quando tempo para movimenta o pensamento. Movimento turvo e complexo. Direito de quebrar a regra pra fazer nascer um verso. Técnica ou vinho demais? O que importa não é a regra torta que se aprende no colegial. O que faz valer a pena é se a alma fica serena após a primeira taça.
A Alma chora. O corpo implora. A razão desfaleceu. Morreu sufocado sem ter beijado a amada que conheceu. Que coisas aconteceram? Por que a alma chorou? Porque ama demais ou porque descobriu que nunca amou. Por favor, “deixa disso camarada, me dá um cigarro.”

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