28.7.13

Tristeza que visita


Às vezes a Tristeza bate à porta. A recebo simpático. Sirvo-lhe uma dose de uísque 12 anos; uma taça de vinho rubi do Porto ou uma espumante, à sua preferência. Tem gosto refinado a Tristeza. Sentamos lado a lado e temos nosso momento. Ela me visita de quando em quando. Às vezes vem vestida de Angústia. Outras vezes fantasiada de Saudade. Há dias em que se enfeita com um colar estranho de pequenos Medos redondos. Sempre a deixo entrar, pois ela tem seu valor também. Fica por pouco tempo, alguns minutos, até algumas horas, mas nunca permito que permaneça por mais de um dia. Quanto terminamos nosso desregrado encontro, dou-lhe um abraço amigo. Abro a porta e ela sai. Sai com mais pressa do que chegou. Ela sabe que correr perigo se ficar muito pois eis que a Alegria já está se espremendo pelas frestas, transbordando pelas janelas e enchendo todo espaço novamente. A Alegria não bate à porta, entra. Não pede bebida, serve-se à vontade. Não senta ao meu lado, me despe e vai logo me amando. Não veste fantasias nem usa colares estranhos. A alegria vive em mim. A tristeza apenas me visita. Regras são regras, e minha regra é de que moradores tem preferência à meros visitantes.

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