14.1.14

Maldita Dogma


Naquele dia, ao entrar na Paróquia de San Telmo, o peso divino feriu minha alma com espinhos arrancados da coroa do Salvador. Não que Deus exista ou sofra eu dessas “desaventuranças”. Mas a Igreja com sua maldita dogma, sempre soube nos fazer lembrar a pequenez humana. Nisto, deve-se a Mater Misericordiae todos os créditos. Senão assim, o que explicaria as centenas de pessoas que se acumulam aos milhares derramando pranto nos altares do senhor Jesus?
Não me falta luz nessa vida confusa e barulhenta. Contudo, ao entrar na igreja e me ver defronte à cruz sangrenta, o mundo pareceu bem mais escuro do que é. Admitir é necessário. Até então, não descobriu a psicanálise cura mais simples que essa da Igreja que te faz aceitar o próprio e pesado calvário.
Vez ou outra, chorar é bom, mesmo que seja escondido por detrás da pilastra onipotente que se ergue aos céus. É o infinito te fazendo lembrar-se da finitude.
Ergo-me. Sigo sozinho. Sempre se está só no mundo. Ainda espantado com os que não aprenderam a caminhar só, e ficam ali, rezando ajoelhados:
“– Deus, óh Deus, ajuda-me a levantar. Amém”

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