8.3.14

Afogado



Sentia e sonhava
Com a alma de um século atrás.
Vivia a estrela D`alva
Com a intensidade de dois mundos.
Ansiava, em devaneio
Com a perspectiva de uma década à frente.
Às vezes era poeta.
Às vezes era moderno.
Outras, semente.
Por hábito, cultivava solidão.
Por descuido,
Ainda tinha coração.
Plantou no mundo um menino
Pequenino e faceiro.
Pensou que era jardineiro.
Descascava livros à sombra da laranjeira.
Fumava um cachimbo de benzedeira.
Nunca descobriu nem sequer viu,
Em que mundo nasceu ou viveu.
Era sempre diferente
Daquilo que parecia ser sempre igual.
Era lágrima murcha.
Secou a dor num banho de mar sem sal.

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